As obras de Silva Porto foram alvo de vastos exames laboratoriais, pois a
dúvida sobre a autenticidade das assinaturas em quadros do pintor prevalecia.
Obras como o Pequeno esboço de paisagem,
Seara, Praia dos Pescadores, Uma
Marinha, Praia de Capri e Paisagem
tirada da Charneca de Belas ao pôr-do-Sol faziam parte do leque de pinturas
duvidosas e é sobre estas que vamos debruçar-nos.
Das quatro primeiras obras, a fotografia à luz
rasante[1] deu-nos algumas
informações, como as várias grafias da sua pintura, que correspondem à sua
temporada em França em 1783-89, e em Portugal entre a década de 80 e 90. Na
obra Paisagem tirada da Charneca de Belas
ao pôr-do-Sol, a estratografia das camadas pictóricas[2] foi o método utilizado,
sendo a saia de uma das mulheres o elemento escolhido para ser alvo da remoção.
Esta revelou «um tratamento muito
cuidadoso na sua elaboração»[3], para além das combinações
de azuis, brancos e vermelhos para alcançar o resultado hoje visível na obra.
Outras obras de Silva Porto foram analisadas para provar a sua
autenticidade, como foi o caso das pinturas Dunas
e Riacho pertencentes à Casa Museu
Egas Moniz, em Avanca. Segundo Varela Aldemira, a obra
específica Dunas já denunciava as
dúvidas quanto à sua autenticidade. Foram sujeitas à espectrometria de
fluorescência de raios X e os resultados mostraram: a ausência de cobalto e de
crómio no verde e a diferença da assinatura característica do pintor [4]. Concluindo, estas obras, provavelmente,
não são do pintor Silva Porto.
Macrofotografia à luz rasante da obra Pequeno esboço de paisagem, Silva Porto
Macrofotografia à luz rasante da da obra Seara, Silva Porto
Macrofotografia à luz rasante da obra Praia dos Pescadores, Silva Porto
Macrofotografia à luz rasante da obra Uma marinha, Silva Porto
Dunas, Silva Porto
Riacho, Silva Porto
[1] A fotografia à luz rasante permite
ver a superfície da matéria, a técnica e os detalhes feitos por incisão.
[2] A pintura é composta por várias camadas:
suporte, preparação, desenho, camada pictórica e verniz e com este método
sabemos as camadas que cada pintura tem ou não. Permite ainda identificar os
materiais utilizados no suporte e na camada pictórica e como foi preparada.
[3] João
M. Peixoto Cabral, “Exame científico de pinturas de cavalete” in Colóquio/Ciências, nº 16, 1995, p. 79
[4] «Há que notar (…) a
letra é inclinada para a direita, a forma do S de modo algum se compara com a
forma algo estilizada adoptada por Silva Porto, o r liga ao t na base deste e
não a meia altura e o traço inferior prolonga-se mais para a esquerda do que o
habitual» in João M. Peixoto Cabral, António João Cruz, “As
assinaturas e os formatos das pinturas de Silva Porto” in Exposição Comemorativa do Centenário da Sua Morte, Museu
Nacional Soares dos Reis, Instituto Português dos Museus, Lisboa, 1993
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