Fernão
Lopes, autor da Crónica de D. João I,
nasceu provavelmente em Lisboa, numa família de mesteirais, entre 1380/90. Em
1418, o cronista tinha como profissão ser notário e guarda das
escrituras da Torre do Tombo, tendo acesso à consulta de arquivos nacionais. Compilou grande número de documentos avulsos, pergaminhos de velhos
cartórios, bulas papais, epitáfios e memórias sepulcrais.
Em 1434, uma carta do rei D. Duarte[1]
encarregou-o de escrever as crónicas dos antigos reis de Portugal até seu pai,
conferindo-lhe para esse trabalho uma tença anual. Para reportar os feitos
antepassados, Fernão Lopes usou a sua experiência política, as fontes
históricas (Crónica do Condestável,
as crónicas de Pero Lopez de Ayala[2] e
a história em latim do eclesiástico Dr. Christophorus[3]) e
as vantagens do seu lugar na Torre do Tombo.
Muitos são os historiadores que
relacionam o relato da revolução de 1383-1385 com os acontecimentos que Fernão
Lopes vivenciou em 1438-1449: «…ambos os conflitos eclodem nos inícios de uma
regência; em ambas as situações a intervenção do povo de Lisboa parece ter sido
decisiva para o sucesso do partido triunfante (sempre o adverso à rainha-regente);
em ambos os casos perpassa ainda o espectro de uma intervenção militar castelhana
(ou aragonesa).»[4]
A geração anterior a Fernão Lopes vivenciou a Batalha de Aljubarrota, enquanto
a geração que lhe seguiu presenciou a Batalha da Alfarrobeira.
Para percebermos em que contexto
aparece a revolução de 1383-1385 e, consequentemente, D. João I, Mestre de
Avis, as biografias de D. Pedro I e de D. Fernando I são de grande importância.
Os reinados dos antecessores da revolução foram o rastilho perfeito para uma
explosão política, económica e social.
D. Pedro, filho de D. Afonso IV[5] e
de D. Beatriz de Castela, nasceu em Coimbra, a 8 de Abril de 1320, e morreu em
Estremoz, a 18 de Janeiro de 1367. Casou com Constança Manuel, filha do
importante fidalgo castelhano D. João Manuel e de Constança de Aragão, em
Agosto de 1340, na Sé de Lisboa. Com D. Constança chegou também a Portugal a
formosíssima Inês de Castro[6],
cuja imediata ligação amorosa com D. Pedro I, provocou forte conflito com D.
Afonso IV e levará à sua morte a 7 de Janeiro de 1355.
«Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruito,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a Fortuna não deixa durar muito,
De teus fermosos olhos nuca enxuito,
Aos montes insinando e às ervinhas
O nome que no
peito escrito tinhas.» [7]
Para Fernão Lopes, D. Pedro foi
justiceiro, generoso e amado pelo povo, mas também um monarca impulsivo, que se
revolta com o seu pai, causando grandes destruições em diversas terras do Norte
do País. Quando subiu ao trono a 28 de Maio de 1357 provou ser um grande rei.
D. Fernando I, filho de D. Pedro I e de D. Constança Manuel[8], nasceu em Coimbra no dia 31 de Outubro de 1345, e morreu em Lisboa a 22 de Outubro de 1383. Tinha 22 anos quando herdou um reino em paz e rico. «Rreinou ho iffante do Fernando, primogénito filho d’el-rrei dom Pedro, depois de sua morte, avendo entom hidade viinte e dous anos e sete meses e dezoito dias: mancebo vallente, ledo e namorado, amador de molheres e achegador a ellas.»[9]
Todavia, durante o seu reinado, D. Fernando defrontou-se com dois factores desestabilizadores, que foram: o assassínio de D. Pedro I de Castela pelo meio-irmão, Trastâmara, Henrique II após subir ao trono, e o descontentamento do povo por ser um rei solteiro, sem esposa escolhida pelos interesses do Estado. A escolha matrimonial[10] preferencial recaía sobre uma das filhas de Henrique II, a infanta D. Leonor, contudo, D. Fernando interessou-se por D. Leonor Teles, que era, na altura, casada com João Lourenço da Cunha. Para concretizar este amor, o monarca anulou o casamento da amada com o nobre da Beira[11], ignorou os apelos do povo português que era contra o consórcio e casou com D. Leonor Teles[12], mulher dotada de grande beleza, como foi descrita por Fernão Lopes. «Esta rrainha dona Lionor, ao tempo que a el-rrei tomou por molher, era bem manceba em fresca hidade e iguall e grandeza de corpo; avia louçaão e gracioso geesto e todallas feiçoões do rrostro quaaes o dereito da fremosura outorga, tall que nehũua por estonce era ella semelhavell em bem parecer e dulcidom de fall, sofrendo-nos porém de a prasmar d’algũuas cousas em nom onesto e muy soltamente fallarom;»[13]
Em 1370, a multidão de Lisboa nomeiou Fernão Vasques[14]
para ser o porta-voz das razões da oposição ao consórcio, porém D. Fernando não
tardou a sair de Lisboa rumo ao Norte, onde pretendia casar com D. Leonor
Teles, no Mosteiro da Leça do Balio, em Abril de 1371. De regresso a Lisboa,
após o anúncio do consórcio, D. Fernando exige respeito para com a nova rainha
de Portugal, mas nem todos concordaram com este desejo. Por intermédio de D. Leonor
Teles, Fernão Vasques, assim como outros líderes da rebelião, perderam a vida.
O reinado de D. Fernando preocupou-se
em proteger a agricultura, o comércio externo e a marinha, mas o monarca esqueceu-se
de tirar proveito das condições financeiras deixadas pelo seu pai, investindo
em guerras com Castela. «D. Fernando herdou uma grande fortuna, sendo
considerado o mais rico de todos os monarcas que haviam reinado Portugal.»[15] Para
o cronista, D. Fernando era um rei amaldiçoado pelo povo pela sua persistência
em guerras para conquistar terras alheias e satisfazer os caprichos da sua rainha.
Do casamento com D. Leonor Teles
nasceram D. Pedro e D. Afonso (faleceram em tenra idade), e D. Beatriz, que
nasceu em Coimbra em 1373 e casou com D. João I de Castela.
D.
João I, filho bastardo do rei D. Pedro I e de Teresa Lourenço[16],
nasceu em Lisboa a 11 de Abril de 1357 e faleceu na mesma cidade a 14 de Agosto
de 1433. Era meio-irmão do rei D. Fernando. Aos seis anos é armado cavaleiro e
enviado para Avis, onde passou a adolescência. Em 1382, foi preso no Castelo de
Évora devido a intrigas com D. Leonor Teles e o Conde Andeiro e solto por D.
Fernando, graças à intervenção do Conde de Cambridge[17].
Após a morte de D. Fernando a 22 de Outubro de 1383, o amante de D. Leonor
Teles, o Conde Andeiro, tomou o poder para desagrado da população. «As primeiras
querelas sociais haviam já começado quando D. Fernando casara com D. Leonor
Teles (1372). Cedo voltaram a eclodir, quando o rei morreu, em 1383.»[18]
D. Fernando faleceu deixando apenas a
infanta D. Beatriz como herdeira ao trono, única filha que vingou do casamento
com D. Leonor Teles. No entanto, antes da sua morte, a 2 de Abril de 1383, foi
assinado o contrato de casamento entre a infanta D. Beatriz e o rei D. João I de Castela. Este previa
que D. Leonor Teles conservava a regência até D. Beatriz ter um filho varão
maior de 14 anos. Esse seria o herdeiro da coroa portuguesa, mas nunca o
herdeiro da coroa de Castela, pois D. João I já tinha filhos do anterior
casamento. A 14 de Maio de 1383 celebrou-se o casamento entre D. Beatriz e D.
João I de Castela, presidido por D. Pedro de Luna, cardeal de Aragão.
A aclamação de D. Beatriz como
rainha de Portugal foi mal aceite, pois a vontade do povo era ter o infante D.
João, filho de D. Pedro I e de Teresa Lourenço, como rei de Portugal. A revolta
não tardou e deflagrou em Lisboa. Entretanto, Álvaro Pais[19] engendrou um plano para tirar o Conde Andeiro do poder, incentivando o
infante D. João a matá-lo. «Primeiramente, disse Alvoro Paaez, por vós seerdes
irmão del-Rei a que sua desonra mais deve doer que outro neuu. A segunda,
porque fostes per aazo dele e da Rainha preso, e posto em tal perigo como todos
sabem; e que por ai no fosse senom por segurar vossa vida, que nunca há de seer
segura em quando o Conde Joam Fernandez for vivo, por isto soomente o deviees
fazer, ca pois el-Rei agora é morto, usarom mais de sul maldade.»[20] Para
encobrir o assassinato do Conde Andeiro, Álvaro Pais pensou em envolver a
população lisboeta levando-a a pensar que o amante da rainha pretendia matar o
Mestre de Avis.
A 6 de Dezembro de 1383, o infante
D. João chegou aos Paços da Rainha com o intuito de matar o Conde de Andeiro,
pedindo a este para falarem em privado. Foi neste momento que o Mestre acusou-o de
o querer ver morto e deu-lhe uma pancada na cabeça, sendo Rui Pereira a encetar
o golpe final. Álvaro Pais, levando o seu plano avante, correu pelas ruas de
Lisboa pedindo ao povo que auxiliassem o mestre «Acorramos ao Meestre, amigos,
acorramos ao Meestre, ca filho é del-Rei Dom Pedro.»[21] O
povo, tentando acudir ao Mestre, segue Álvaro Pais até aos Paços da Rainha,
onde o Mestre de Avis aparece numa janela, incentivado pelos seus amigos,
evitando, assim, que o povo incendiasse todo o edifício «Entom os do Meestre
veendo tam grande alvoroço como este, e que cada vez se ascendia mais, disserom
que fosse sua mercee de se mostrar aaquelas gentes, doutra guisa poderiam
quebrar as portas, ou lhe poer fogo, e entrando assi dentre per força, nom lhe
poderiam depois tolher de fazer o que quisessem.»[22]
Passados dois dias, a 8 de Dezembro
de 1383, a rainha D. Leonor partiu para Alenquer e D. João pensou em fugir para a
Inglaterra, pois tinha medo das retaliações da regente pela morte do seu amante.
«Por ora, temendo a vingança de Leonor Teles, projecta a fuga para Inglaterra.
Entretanto, a rainha abandona Lisboa, e de Alenquer pede auxílio ao genro,
alicia gentes, prepara as suas forças para o combate.»[23]
O
Mestre de Avis decidiu ficar em Portugal, contudo tinha como obrigação casar com D. Leonor, mantendo
esta a regência conforme o contrato de Salvaterra de Magos e o Mestre devia ser o regedor até o filho da infanta D. Beatriz obter os 14 anos e, nessa altura, ser
Governador do rei. A rainha D. Leonor aceitou todas as cláusulas excepto casar
com o Mestre de Avis. Por fim, o futuro rei de Portugal aceitou o cargo de
Regedor e Defensor dos Reinos de Portugal e do Algarve.
No dia 12 de Janeiro de 1384, o rei
D. João I de Castela e a rainha D. Beatriz chegaram a Santarém e passado um dia a
rainha D. Leonor foi obrigada a renunciar à sua regência dos Reinos de Portugal e
do Algarve a favor do casal. A 6 de Abril de 1384, ocorre a Batalha de
Atoleiros, no Alentejo, em que os portugueses comandados por Nuno
Álvares Pereira derrotaram os castelhanos. Esta vitória resultou da confusão
instalada no campo de batalha por parte dos castelhanos que não souberam lidar
com as lanças portuguesas.
Em
fins de Maio de 1384, D. João I de Castela pôs cerco a Lisboa, pois ele sabia que
possuindo esta cidade, o reino cairia de seguida. Saiu de Santarém e instalou-se
no Lumiar nos primeiros dias Março. Contudo, teve de regressar a Castela, a 14 de
Outubro do mesmo ano, devido a uma epidemia de peste.
O Mestre de Avis chegou a Coimbra a 3 de Março de
1385 e a 6 de Abril do mesmo ano foi eleito rei de Portugal, após o bispo do
Porto e o bispo de Évora terem feito uma inquirição sobre a existência de
alguém de direito para herdar o trono.
As Cortes de Coimbra iniciaram-se pouco depois da chegada do mestre à cidade de Coimbra e durou aproximadamente um mês. Foram tratados os seguintes assuntos: a atribuição da Coroa, o financiamento da guerra e a formulação de capítulos. Participaram nas Cortes o clero, a nobreza e os concelhos. Ficou decidido que o conselho do rei seria formado por dois representantes de cada um dos grupos sociais: clero, nobreza, letrados e cidadãos.
O rei de Castela voltou a invadir o país
com um numeroso e poderoso exército e no dia 14 de Agosto de 1385, em
Aljubarrota. Os dois exércitos enfrentaram-se numa lida desigual. Era cedo quando
os portugueses saíram de Porto de Mós e se estabeleceram entre os Ribeiros do
Vale de Madeiros e do Vale da Mata, esporão conhecido por «Cumeira de
Aljubarrota». Ao contrário do que Fernão Lopes exaltou nas suas crónicas, D.
Nuno Álvares Pereira não foi o responsável pela táctica revolucionária. «A
superioridade portuguesa estava na justiça da sua causa, em estar a defender a
sua terra e os seus bens, no uso de uma táctica militar revolucionária,
enriquecida com a experiência militar dos ingleses, alguns dos quais pelejaram
e morreram nos campo de Aljubarrota.»[26] As tropas portuguesas eram em menor número,
mas utilizando a técnica do quadrado, infligiram uma notável derrota aos
castelhanos.
Com
o governo de D. João I veio também a definição de um novo estilo de arte[27]
associado ao Mosteiro da Batalha - obra monástica erguida pelo rei para
agradecer a Nossa Senhora a vitória de Aljubarrota. Deveu-se a Afonso Domingues
o planeamento geral de todo o edifício monástico, sucedendo-lhe, em 1402, o Mestre Huguet,
que ali trabalhou até 1438. Concluiu a igreja, o claustro, o dormitório e o
refeitório. A ele se deveu também a planificação da construção da Capela do
Fundador, cujo projecto foi pensado por D. João I para panteão da família, e
uma outra capela, mandada construir por D. Duarte para seu panteão, com planta
octogonal e de grandes dimensões, que só a morte do monarca impediu que se concretizasse.
«Para
a independência do reino português a batalha travada nos campos de Aljubarrota
entre os exércitos de D. João I e as tropas castelhanas teve um papel
fundamental e, de acordo com a mítica da época, o rei terá feito um voto a
Nossa Senhora que determinou a invocação do templo, pois a batalha teve lugar
na véspera do dia da Assunção da Virgem.»[28] O
Mosteiro da Batalha serviu também de panteão para D. João I e para a sua
família[29],
sendo uma obra que demonstra grande capacidade financeira.
[1] Nasceu em Viseu a 31 de Outubro
de 1391. D. Duarte recebeu uma boa formação literária e cultural. Sabia bem
escrever latim e o ambiente que se vivia na corte de Avis era de tertúlia.
Educação que viria a permitir, mais tarde, a redacção de algumas obras como Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda a
Sela, Leal Conselheiro e o Livro dos Conselhos de D. Duarte.
Aos 22 anos trabalhava sem parar, dedicando-se
totalmente ao governo do reino. De facto, estava associado ao governo desde
cerca de 1411, coadjuvando o monarca seu pai na administração do reino. Até aos
últimos anos de vida de D. João I, o seu trabalho só tendeu a aumentar. Foi um
governante atento, inclusive na época em que ajudava seu pai. Responsável
administrador, produziu uma intensa legislação. Dedicou-se à administração e à
justiça, ao relacionamento entre cristão, judeus e mouros e à reforma de
petições, agilizando, todo o processo. Institui o degredo para África como
instrumento de punição e meio de defesa das praças marroquinas. Interveio
também na questão das barregãs. Nas Cortes de Évora, em 1436, deferiu que as
mancebas podiam ir à estalagem ter com os homens desde que não transformassem
esta num bordel, retomando de manhã às suas moradas.
D. Duarte casou com D. Leonor, filha de Fernando I,
rei de Aragão e da Sicília. O casamento foi celebrado no Mosteiro de Santa
Clara, em Coimbra, a 22 de Setembro de 1428. Quando D. João I morreu, a 13 de
Agosto de 1433, já tinha netos. D. João, D. Filipa, D. Afonso e D. Fernando
nasceram nos primeiros cinco anos de casamento. Depois destes, ainda nasceram
D. Leonor, D. Catarina e, por fim, D. Joana.
[2] As crónicas de Pero Lopez de
Ayala fornecem-lhe muitos dados relativos à história de Castela, nomeadamente
ao período do reinado de D. João I.
[3] Grande parte da informação de
Fernão Lopes relativa a assuntos militares durante a prolongada guerra deriva
directamente da obra deste autor.
[4] MONTEIRO, João Gouveia, Fernão Lopes - Texto e Contexto, Minerva
– História, Coimbra, 1988, p. 117
[5] A tentativa de D. Dinis de
controlo do poder senhorial e os avultados benefícios dados ao seu filho
bastardo, Afonso Sanches, conduzirão à revolta de Afonso IV contra o seu pai,
apoiado pelos nobres. A guerra civil ocorreu desde 1319 até 26 de Fevereiro de
1324, ficando D. Afonso IV conotado com o cognome o Bravo no sentido de belicoso.
A partir de 1322, a saúde de D. Dinis começou a
apresentar sinais de fraqueza, vindo a falecer, em Santarém, um ano depois de
terminada a guerra civil, a 7 de Janeiro de 1325 com 63 anos de idade.
Neste mesmo ano, D. Afonso IV sobre ao trono com 34
anos. Foi um rei legislador e que introduziu algumas inovações, reformas na
justiça e na administração do reino, e promulgou leis para regulamentar e
restringir o exercício dos poderes senhoriais.
Passou também pela crise que marcou o século XIV, em
que a peste, a fome, as guerras e as epidemias se fizeram sentir. E foi nesta
conjuntura pouco favorável que se travou a Batalha do Salado, em 1340, contra
os muçulmanos e que resultou numa vitória cristã.
Casou com D. Beatriz, filha de Sancho IV de Castela
e de D. Maria de Molina e irmã de Fernando IV, e que viera para Portugal em
1297, quando contava com quatro anos apenas. À data do matrimónio, em Maio de
1309, D. Afonso tinha 18 anos e D. Beatriz 16. Foi uma rainha interventiva,
principalmente no plano diplomático, tentando conciliar os interesses do seu
reino de adopção com os da sua família natural.
[7] CAMÕES, Luís de, Os Lusíadas, Porto Editora, 1975, Canto
III, Estrofe 120
[8] A 28 de Fevereiro de 1336 era
acordado o casamento de D. Pedro com D. Constança Manuel, mas só em 1340, D.
Constança entrou em Lisboa acompanhada de seu pai e de muitos cavaleiros de
Portugal e Castela, uma vez que as relações políticas e diplomáticas entre
Portugal e Castela se tinham crispado, ao ponto de Afonso XI ter recusado a
passagem pelo seu reino da futura mulher do infante D. Pedro.
[9] LOPES, Fernão, Crónica de D. Fernando, Imprensa
Nacional – Casa da Moeda, Lisboa, 2004, Prólogo, p.3
[10] Aos 13 anos, D. Pedro I projectara
para o seu filho o casamento com a filha mais velha do rei de Castela, D.
Beatriz. Cerca de cinco anos mais tarde, foi ponderada a união matrimonial com
a infanta D. Joana, filha do rei de Aragão. Antes do casamento com D. Leonor
Teles, D. Fernando teve consórcios alinhavados com duas «leonores»: a primeira Leonor,era
filha do rei D. Pedro de Aragão, e a segunda Leonor, filha de Henrique. Sabe-se
que D. Fernando fazia intenções de casar com a última Leonor, mas tudo indica
que já vivia em concubinato com D. Leonor Teles.
[11] «D. Fernando ante o facto de ser
Leonor Teles casada, pois se empenhou em conseguir, como de facto conseguiu,
fazer anular, com fundamento no parentesco dos cônjuges, os laços que a ligavam
a um nobre da Beira, João Lourenço da cunha.» in PERES, Damião, História de
Portugal – Palestras na Emissora Nacional -, volume 1, Portucalense
Editora, Porto, 1969, p.198
[12] Filha de Martim Afonso Telo e de
D. Aldonça Vasconcelos, D. Leonor Teles era natural de Trás-os-Montes, mas terá
passado a infância em Castela, onde seu pai foi mordomo-mor da rainha D. Maria
de Portugal. Em 1356, após a morte de seu pai, D. Leonor veio para corte
portuguesa ao encontro dos seus tios.
[13] LOPES, Fernão, Crónica de D. Fernando, Imprensa
Nacional – Casa da Moeda, Lisboa, 2004, Cap. LXV, p. 227
[14] Simples alfaiate reconhecido por
ser chefe dos populares indignados com o casamento de D. Fernando e de D.
Leonor Teles.
[15] SERRÃO, Joaquim Veríssimo, História de Portugal – Estado, Pátria e
Nação (1080-1415), vol. 1, Editorial Verbo, [s.d.], p. 284
[16] As informações são dúbias quanto
à identidade desta amante de D. Pedro. Há autores que a identificam como Teresa
Gil Lourenço de Andrade, filha de Gil Rodrigues de Valadares, outros
inclinam-se para Teresa Lourenço de Almeida, filha de Rui Fernandes de Almeida
ou de Lourenço Martins do Paço.
[17] Edmundo de Langley, filho do rei
Eduardo III de Inglaterra e de Filipa Hainaut, torna-se conde de Cambridge com
21 anos. Foi o comandante da frota marítima enviada por Eduardo III para
auxiliar D. Fernando na guerra com Castela.
[18] MARQUES, A. H. de Oliveira, História de Portugal – Desde os tempos mais
antigos até ao Governo do Sr. Palma Carlos, 4.ª edição, Palas Editores,
Lisboa, 1974, p. 184
[19] «Álvaro Pais,
chanceler-mor do rei D. Pedro e do rei D. Fernando, em situação de aposentado,
engendra os planos para o assassinato do Conde Andeiro.» in VIEGAS, Valentino, Cronologia
da Revolução de 1383 – 1385, Editorial Estampa, Lisboa, 1984, p.60
[20] LOPES, Fernão, Crónica de D. João I, volume 1,
Civilização, Barcelos, 1991, Cap. VI, p. 13 e 14
[21]IDEM, ibidem, Cap. XI, p. 24
[22] LOPES, Fernão, Crónica de D. João I, volume 1,
Civilização, Barcelos, 1991, Cap. XI, P. 25
[23]
SERRÃO, Joel, O Carácter Social da
Revolução de 1383, 5.ª edição, Livros Horizonte, 1984, p. 40
[24] LOPES, Fernão, Crónica de D. João I, Civilização,
volume 1, Barcelos, 1991, Cap. CLXXXIV, p. 397
[25] COELHO, António Borges, A revolução de 1383, 5.ª edição, Editorial
Caminho, 1984, p. 149
[26] IDEM, Ibidem, p.141
[27] O gótico flamejante estende-se
de 1350 a 1520. Surge primeiro em França e na Alemanha no final do século XIV e
caracteriza-se por uma decoração de motivos ondulantes, de curvas e
contracurvas e uma luxuriante abundância ornamental. Em Portugal, o gótico
flamejante aparece também no final do século XIV, no Mosteiro da Batalha,
podendo ser observado na fachada.
[28]
PEREIRA, Paulo, Arte Portuguesa,
Círculo de Leitores, Lisboa, 2011, p. 361
[29] Na capela, repousam, sob a
belíssima abóbada estrelada, o rei D. João I e a rainha D. Filipa de Lencastre,
rodeados de quatro dos seus filhos, os infantes D. Pedro, D. Henrique, D. João
e D. Fernando.
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