Aproveitando os bons ventos que vinham
da Índia desde a sua descoberta por Vasco da Gama, em 1498[1],
D. Manuel decidiu enviar uma segunda «armada de 13 navios, boa parte deles
grandes naus (muito provavelmente 10 naus e 3 caravelas), com mais de 1500
homens embarcados»[2],
comandada por Pedro Álvares Cabral[3]
com o apoio dos capitães Sancho de Tovar (Nau Sota-capitânia El-Rei), Simão de
Miranda Azevedo, Aires Gomes da Silva, Nicolau Coelho, Bartolomeu Dias, Diogo
Dias, Gaspar de Lemos, Luís Pires, Simão de Pina, Pero de Ataíde (Caravela S.
Pedro), Vasco de Ataíde e Nuno Leitão da Cunha (Nau Anunciada).
Com
o retorno de Vasco da Gama fixou-se a data da saída da segunda armada em Março,
de acordo com os conhecimentos que este trazia da sua experiência no Índico.
Para além disso, forneceu preciosas indicações a toda armada de Cabral para o
sucesso da expedição, nomeadamente o afastamento da costa de África o mais
possível para a passagem no cabo da Boa Esperança.
Antes
da partida de Cabral, marcada para o dia 8 de Março de 1500, realizou-se no
Restelo uma cerimónia com grande pompa, onde o rei, após terminada a missa,
entregou ao capitão-mor «o estandarte real e a bandeira de Cristo, tendo a
armada deixado o Tejo no dia seguinte»[4]
com o objectivo de atingir Calecut e aí forçar a presença dos portugueses.
Em
cinco dias, entre as 8 e as 9 horas do dia 14 de Março, a armada alcançou as
Canárias, e oito dias depois, a 22 de Março, chegaram a Cabo Verde. Na passagem
pela ilha de São Nicolau ocorreu o primeiro percalço da viagem com o
desaparecimento da nau capitaneada por Vasco de Ataíde. Procedeu-se a dois dias
de buscas que se revelaram infrutíferas não restando a Cabral outra solução
senão seguir viagem. No dia 18 de Abril, a armada encontrava-se na latitude da
actual baía de Todos-os-Santos e três dias depois, a 21 de Abril, Pedro Álvares
Cabral e a sua tripulação observaram no mar sinais de terra «os quais eram
muita quantidade d’ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho e assim
outras, a que também chamam rabo d’asno»[5].
No dia seguinte, na manhã de 22 Abril, foi a vez de verem «aves, a que chamam
fura-buchos»[6]
e, mais tarde, concretizou-se o avistamento de terra «primeiramente d’um grande
monte, mui alto e redondo, e d’outras serras mais baixas a sul dele e de terra
chã com grandes arvoredos, ao qual monte alto o capitão pôs nome o Monte
Pascoal e à Terra de Vera Cruz»[7].
Lopo Homem, Pedro e/ou Jorge Reinel, Terra Brasilis, ca. 1519
Atlas Miller. Bibliothèque Nationale, Paris.
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Na
madrugada de quinta-feira, dia 23 de Abril, a armada ancorada a 26 quilómetros
da costa colocou-se lentamente em marcha em direcção a esta. A meio da manhã,
com a profundidade de 9 braças, a frota fundeou-se novamente, vendo pela
primeira vez os nativos «que andavam pela praia, de 7 ou 8»[8]
Após
uma breve reunião estre o capitão-mor e os restantes capitães, Pedro Álvares
Cabral enviou «no batel, em terra, Nicolau Coelho», que contactou com os nativos
mal tocou no fundo arenoso. Estes vinham
com com arcos e setas empunhados nas mãos, mas logo Nicolau Coelho pediu para
que as baixassem e eles assim fizeram. Todavia, o mar não permitiu um maior
contacto senão a troca de presentes. Este foi o primeiro encontro com os
indígenas e, embora o mar não tivesse facilitado o contacto, tudo fazia prever
que o relacionamento entre eles seria amistoso e proveitoso. Porém, os próximos
dias revelaram-se mais propícios ao estabelecimento das relações entre os
locais e os visitantes, como veremos mais à frente no relato da descoberta do
Brasil.
«Sem descer do
barco, Coelho jogou à praia um gorro vermelho, típico dos marujos lusos, um
sombreiro preto e a carapuça de linho que usava na própria cabeça. Os nativos
retribuíram dando-lhe um cocar “de penas de ave, compridas, com uma copazinha
pequena de penas vermelhas e pardas como de papagaios”, além de um colar de
contas brancas, talvez búzios, talvez pérolas miúdas»[9].
Na
sexta-feira, a 24 de Abril, a armada recolheu âncoras e foi procurar um lugar
mais calmo, onde pudessem buscar lenha e água[10].
Esta busca durou o dia todo e só no final da tarde a armada encontrou um sítio
seguro, que Caminha descreve da seguinte maneira: «acharam os ditos navios pequenos
arrecife com um porto dentro, muito bom e muito seguro, com uma mui larga
entrada. (…) e ancoraram-se em 11 braças»[11].
Ainda
no mesmo dia, o piloto da nau-capitânia, Afonso Lopes, foi mandado por Cabral
pormenorizar o que se podia encontrar dentro daquele porto. Este procedeu à concretização
da sua missão e já dentro da baía capturou dois nativos com o objectivo de
levá-los à presença do capitão-mor. Os índios que andavam pela praia com os
típicos arcos e flechas não reagiram à cena, mostrando, assim, a sua
receptividade para com os visitantes.
Sabendo
da chegada dos índios à sua comparência, o
«capitão (…) estava assentado em uma cadeira e uma alcatifa aos pés por
estrado, e bem vestido, com um colar d’ouro mui grande ao pescoço»[12].
Com ele estavam os capitães Sancho de Tovar, Simão Miranda e Nicolau Coelho, o
feitor Aires Correia e o escrivão Pêro Vaz de Caminha, que pouco impressionaram
os nativos e por quem não demonstraram respeito nem admiração[13]
Foi
neste encontro que Pêro Vaz de Caminha descreveu com grande rigor os nativos[14]
do Novo Mundo:
«A feição deles
é serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem
feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estiam nenhuma cousa cobrir nem
mostrar suas vergonhas. E então acerca disso com tanta inocência como têm em
mostrar o rosto. Traziam ambos os beiços de baixo furados e metido por eles um
osso branco de comprimento duma mão travessa e de grossura dum fuso d’algodão e
agudo na ponta como furador. (…) Os cabelos seus são corredios e andavam
tosquiados de tosquia alta mais que de sobre-pente, de boa grandura e rapados
até por cima das orelhas.»[15]
Neste
jantar, Pedro Álvares Cabral começou a fazer o interrogatório[16]
possível aos índios, mostrando-lhes animais: reconheceram o papagaio, não deram
importância à ovelha, mas espantaram-se com a galinha. Para comer, o
capitão-mor apresentou-lhes pão, mel e passas de figo, mas tudo lhes enojou.
Para beber, vinho, mas também este foi recusado. Todavia, mostraram entusiasmo
por um castiçal de prata e ouro[17],
pelo colar de ouro do capitão-mor e um rosário de contas brancas. Nesta noite,
os nativos acabaram por permanecer no convés.
No dia seguinte, no Sábado, a 25 de
Abril, Cabral ordenou a Bartolomeu Dias e Nicolau Coelho que levassem de volta
os índios a terra. Afonso Ribeiro teria de permanecer com estes e Pêro Vaz de
Caminha deveria registar o que visse na carta. E, mais uma vez, Caminha
continuou a descrição minuciosa dos índios tupiniquins:
«E andavam aí
outros quartejados de cores, isto é: deles a metade da sua própria cor e a
metade de tintura negra, maneira zulada, e outros quartejados d’escaques. Ali
andavam entre eles ou quatro moças, bem moças e bem gentis, com cabelos muito
pretos, compridos, pelas espáduas;»[18]
No
final do dia, Cabral e a tripulação desembarcaram pela primeira vez e foram
conhecer a terra recém-descoberta. Passearam pela praia durante cerca de uma
hora e meia e recolheram aos navios quando caiu a noite.
No
quinto dia, a 26 de Abril, marcava uma semana depois do Domingo de Páscoa,
levando o capitão-mor a determinar que os tripulantes fossem ouvir a missa onde
tinham estado no dia anterior, no recife da Ponta da Coroa Vermelha. Mandou
montar um toldo para o altar se levantar debaixo deste e a primeira missa no
Brasil foi oficializada pelo padre Frei Henrique de Coimbra[19].
Foi ouvida por todos com grande atenção e fervor até pelos índios, que ali se
juntaram a ver, sentados na areia e nos recifes.
Victor Meirelles, Primeira
Missa no Brasil, 1860
Óleo sobre tela,
268 X 356, Museu Nacional de Belas Artes
Após
o almoço, Pedro Álvares Cabral reuniu com os capitães para a ouvir opinião destes
sobre se o rei D. Manuel I deveria ser informado da recém-descoberta da armada,
enviando-lhe o navio de mantimentos repleto de elementos típicos da zona. A
maioria destes capitães foi de consonância com a iniciativa do capitão-mor,
contudo, não estiveram de acordo em levar ao rei alguns daqueles nativos, pois
queriam preservar a relação amistosa que estavam a criar com estes, preferindo
deixar alguns dos degredados em contacto permanente com os selvagens[20].
À tarde, o capitão-mor sugeriu que fossem todos a terra para aproveitar o dia.
Diogo Dias[21],
irmão de Bartolomeu Dias, levou um gaiteiro consigo e com grande felicidade
meteu-se com os nativos. Tocou e dançou na companhia destes, fez piruetas e deu
saltos mortais, o que agradou muito os ameríndios.
No
dia 27 de Abril, Pedro Álvares Cabral incumbiu Afonso Ribeiro de permanecer com
os índios durante a noite. Este conseguiu alcançar uma povoação destes índios,
onde contou entre nove a dez cabanas grandes de madeira cobertas de palha. No
seu interior não havia divisões apenas esteios, onde eram presas as redes, nas
quais os natos repousavam. Em cada casa era possível dormir cerca de trinta a
quarenta pessoas.
Tal
como tinha acontecido com os índios nas embarcações portuguesas, também os
visitantes foram bem recebidos e alimentados com aquilo que identificaram como
raízes e fruta. Contudo, os tupiniquins não autorizaram que estes dormissem na
povoação e levaram-nos de volta à praia.
Na
terça-feira, 28 de Abril, os portugueses voltaram a terra e dois carpinteiros
dedicaram-se a fazer uma grande cruz. Os índios ao verem aqueles machados de
ferro ficaram estupefactos, pois, segundo Caminha, os indígenas não tinham
“ferramenta de ferro”. «De um minuto para o outro, um bando de nativos que, com
seus machados de sílex, ainda vivia na Idade da Pedra, foi bruscamente apresentado
à Idade do Ferro»[22].
No
dia sequente, os portugueses dedicaram-se a esvaziar a nau de mantimentos para
as restantes naus, tarefa que se prolongou até ao outro dia. Entretanto, as
relações com os índios melhoravam gradualmente[23].
Na
quinta-feira, a 30 de Abril, ao nono dia de avistamento da Terra de Vera Cruz,
o capitão-mor da segunda armada à Índia apelou aos seus companheiros para irem
beijar a cruz e mostrar, assim, aos índios a importância daquele símbolo.
Estes, incentivados, seguiram o ritual dos portugueses, fazendo-os crer que
seriam facilmente civilizados e convertidos ao Cristianismo[24].
Na
sexta-feira, no primeiro dia de Maio, foi o último dia dos tripulantes
portugueses no Brasil. Neste dia, o capitão-mor e a restante tripulação foram a
terra e colocaram a cruz com as armas e a divisa do monarca português de modo a
que esta fosse visível do mar[25].
Ao pé desta foi erguido um altar para celebrar a missa. O responsável pela
celebração de missa foi, novamente, o Frei Henrique de Coimbra e desta vez os
índios não ficaram só a ver, mas repetiram também a posição e os gestos dos
portugueses[26].
No
dia seguinte, pela manhã, a armada de Pedro Álvares Cabral preparou-se para
partir rumo à sua principal missão: alcançar Calecute e impor a presença
portuguesa na Índia. Também a nau de mantimentos foi preparada, levando no
comando Gaspar Lemos e cerca de oitenta homens no corpo da tripulação. Esta nau
levava uma panóplia de amostras que haviam sido recolhidas neste Novo Mundo[27],
para além de todas as cartas da restante armada que seguia agora para à Índia. Esta
nau ficou conhecida pela ‘nau das saudades’.
Pedro
Álvares Cabral só alcançou Lisboa a 21 de Junho de 1501. Foi recebido pelo rei
D. Manuel em Santarém, que estava bastante satisfeito com o sucesso da armada,
não tanto pela descoberta de novas terras, mas pelos navios carregados de
especiarias.
Em
28 de Agosto de 1501, D. Manuel contou aos Reis Católicos o sucesso da
expedição à Índia e a descoberta de uma nova terra descoberta por Cabral,
conhecida por Santa Cruz.
«“(…) acharam e
descobriram a índia e outros reinos”, contava D. Manoel. “Acharam grandes edifícios,
ricos e de grande povoação, nas quais se faz todo o trato de especiaria e
pedraria (…) e trouxeram canela, cravo e gengibre e outros modos de especiaria
(…) e muita pedraria fina de todas as sortes, rubis e outros; e ainda acharam
terras em que há minas d’ouro (no caso, Sofala, em Moçambique)”»[28]
Só
depois da descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral, D. Manuel tomou a
iniciativa de enviar uma pequena frota de três caravelas comandada por Gonçalo
Coelho para fazer um reconhecimento da terra. Entre os que integraram a
expedição estava Américo Vespúcio, a convite de D. Manuel, talvez para ser útil
como agente comercial, visto que esta era a sua função mais conhecida.
[1] Vasco da Gama
era o capitão-mor da Nau de São Gabriel, Paulo da Gama capitão da nau São
Rafael, Nicolau Coelho capitão da caravela Bérrio e Gonçalo Nunes capitão da
nau dos mantimentos. Antes da partida, a 8 de Janeiro de 1497, os tripulantes
da armada assistiram a uma missa, e depois seguiram em procissão até ao rio
Tejo, onde iam partir do Restelo. Chegaram a 21 de Maio ao largo de Calecut,
após dez meses de viagem.
[2] MAGALHÃES, Joaquim Romero, Portugueses no mundo do século XVI: espaços
e produtos, Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos
Portugueses, Lisboa, 1998, p. 37
[3] Pedro Álvares Cabral, segundo
filho de Fernão Cabral e de D. Isabel Gouveia, nasceu em Belmonte, entre 1467 e
1468, mas foi criado na corte de D. João II a partir de 1484 com a tença anual
de 26 000 reais. Não sabemos quais eram as suas funções ao serviço do monarca,
mas os seus merecimentos estão relatados em documentos da época. A sua nomeação
para capitão-mor da segunda armada à Índia ainda permanece uma incógnita. As
rivalidades na corte manuelina levaram ao seu afastamento, depois deste se
recusar a capitanear uma nova armada à Índia em 1502. No ano seguinte, casou
com D. Isabel de Castro, terceira neta dos reis D. Fernando de Portugal e D.
Henrique de Castela e sobrinha de Afonso Albuquerque, e deste casamento
nasceram dois filhos e duas filhas. Faleceu em Santarém, em 1520, onde ficou
sepultado na Igreja da Graça.
[4] COUTO, Jorge,
GUEDES, Max Justo, Descobrimento do
Brasil, Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos
portugueses, Lisboa, 1998, p. 17
[5] CAMINHA, Pêro
Vaz de, Carta a el-rei D. Manuel,
Imprensa Nacional – Casa da Moeda, Lisboa, 1974, p. 33
[6] Idem, p. 33
[8] Idem, p. 34
[9] BUENO, Eduardo, A viagem do descobrimento: um outro olhar
sobre a expedição de Cabral, 2ª edição, Terra Brasilis 1, Rio de Janeiro,
2006, p. 78
[10] Na noite de 23 para 24 de Abril
caiu uma chuva forte e o vento aumentou consideravelmente, arrastando os
barcos, em particular a de Cabral. Ao amanhecer ficou claro que o ancoradouro
não era seguro para permanecer em segurança.
[11] CAMINHA, Pêro
Vaz de, Carta a el-rei D. Manuel,
Imprensa Nacional – Casa da Moeda, Lisboa, 1974, p. 37
[12] Idem, p. 40
[13] D. Manuel deu instruções a
Cabral para que desse no «Oriente boas mostras tanto de si como de armada»,
logo não é estranho que o capitão-mor tenha preparado a nau para a recepção dos
nativos.
[14] Cf. CORTESÃO,
Jaime, Os descobrimentos portugueses,
volume 3, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, Lisboa, 1990, pp. 725- 743
[15] Idem, p. 37-39
[16] Quando os portugueses chegavam a
uma terra nova era recorrente proceder a um interrogatório aos habitantes
locais. Estes interrogatórios tinham também como objectivo transmitir confiança
aos aborígenes através da troca de presentes.
[17] Segundo Caminha, os índios que
apontaram para o castiçal de prata e ouro de seguida apontaram para a praia,
como querendo dizer aos visitantes que podiam encontrar aquele material na
“ilha”. Porém, os portugueses não tiveram em grande conta este episódio.
[18] CAMINHA, Pêro Vaz de, Carta a el-rei D. Manuel, Imprensa
Nacional – Casa da Moeda, Lisboa, 1974, p. 45
[19] Frei Henrique de Coimbra,
nascido em Coimbra por volta de 1465, foi uma figura de destaque no clero
português, notabilizando-se como confessor de D. João II, orador da primeira
missa em terras de Vera Cruz e bispo de Ceuta. Faleceu com 67 anos, na cidade
de Olivença, em 14 de Setembro de 1532.
[20] CAMINHA, Pêro
Vaz de, A carta de Pêro Vaz de Caminha /
estudos de Manuela Mendonça e Margarida Garcez Ventura, Mar de Letras,
Ericeira, 2000, p. 74
[21] Diogo Dias passou a ser o
visitante preferido entre os índios e, desde então, passou a conviver cada vez
mais com estes na companhia do degredado Afonso Ribeiro e de Pêro Vaz de
Caminha.
[22] BUENO, Eduardo, A viagem do descobrimento: um outro olhar
sobre a expedição de Cabral, 2ª edição, Terra Brasilis 1, Rio de Janeiro,
2006, p. 89
[23] Cf. FONSECA,
Faustina da, Pedro Álvares Cabral e o
descobrimento do Brasil, Guimarães Editora, Lisboa, 2000, p. 37
[24] Embora os
portugueses olhassem para estes nativos com forte convicção que seriam capazes
de ser civilizados, a sua rudimentaridade deixava-os perplexos. Nunca tinham
visto uma civilização tão atrasada, pois não tinham animais e apenas comiam
raízes de cará ou mandioca. Pêro Vaz de Caminha dá-nos esta informação na sua
carta: «Eles não lavram, nem criam; nem aqui há boi, nem vaca, nem cabra, nem
ovelha, nem galinha, nem outra nehuma alimária que costumada seja ao viver dos
homens; nem comem senão desse inhame, que aqui há muito, e dessa semente e
fruitos que a terra e as árvores de si lançam» in CORTESÃO, Jaime, Os
descobrimentos portugueses, volume 3, Imprensa Nacional – Casa da Moeda,
Lisboa, 1990, pp. 725- 743
[25] A cruz foi colocada a 300 metros
a oés-noroeste da foz do Mutari.
[26] Cf. COUTO,
Jorge, GUEDES, Max Justo, Descobrimento
do Brasil, Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos
portugueses, Lisboa, 1998, p. 91
[27] Entre as amostras que foram na
nau de mantimentos para Portugal encontramos a presença de um índio. O jesuíta
Simão de Vasconcelos relatou em 1658 o contacto do nativo com a civilização
portuguesa. Conta-nos que o nativo foi muito bem recebido pelo rei e a sua
corte, que apreciaram os seus gestos e maneiras, mas muitos não sabiam sequer
se estavam perante um humano ou um monstro.
[28] BUENO, Eduardo,
A viagem do descobrimento: um outro olhar
sobre a expedição de Cabral, 2ª edição, Terra Brasilis 1, Rio de Janeiro,
2006, p. 18
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