quarta-feira, 3 de setembro de 2014

A descoberta do Brasil

Aproveitando os bons ventos que vinham da Índia desde a sua descoberta por Vasco da Gama, em 1498[1], D. Manuel decidiu enviar uma segunda «armada de 13 navios, boa parte deles grandes naus (muito provavelmente 10 naus e 3 caravelas), com mais de 1500 homens embarcados»[2], comandada por Pedro Álvares Cabral[3] com o apoio dos capitães Sancho de Tovar (Nau Sota-capitânia El-Rei), Simão de Miranda Azevedo, Aires Gomes da Silva, Nicolau Coelho, Bartolomeu Dias, Diogo Dias, Gaspar de Lemos, Luís Pires, Simão de Pina, Pero de Ataíde (Caravela S. Pedro), Vasco de Ataíde e Nuno Leitão da Cunha (Nau Anunciada).

Com o retorno de Vasco da Gama fixou-se a data da saída da segunda armada em Março, de acordo com os conhecimentos que este trazia da sua experiência no Índico. Para além disso, forneceu preciosas indicações a toda armada de Cabral para o sucesso da expedição, nomeadamente o afastamento da costa de África o mais possível para a passagem no cabo da Boa Esperança.  
        
Antes da partida de Cabral, marcada para o dia 8 de Março de 1500, realizou-se no Restelo uma cerimónia com grande pompa, onde o rei, após terminada a missa, entregou ao capitão-mor «o estandarte real e a bandeira de Cristo, tendo a armada deixado o Tejo no dia seguinte»[4] com o objectivo de atingir Calecut e aí forçar a presença dos portugueses.

Em cinco dias, entre as 8 e as 9 horas do dia 14 de Março, a armada alcançou as Canárias, e oito dias depois, a 22 de Março, chegaram a Cabo Verde. Na passagem pela ilha de São Nicolau ocorreu o primeiro percalço da viagem com o desaparecimento da nau capitaneada por Vasco de Ataíde. Procedeu-se a dois dias de buscas que se revelaram infrutíferas não restando a Cabral outra solução senão seguir viagem. No dia 18 de Abril, a armada encontrava-se na latitude da actual baía de Todos-os-Santos e três dias depois, a 21 de Abril, Pedro Álvares Cabral e a sua tripulação observaram no mar sinais de terra «os quais eram muita quantidade d’ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho e assim outras, a que também chamam rabo d’asno»[5]. No dia seguinte, na manhã de 22 Abril, foi a vez de verem «aves, a que chamam fura-buchos»[6] e, mais tarde, concretizou-se o avistamento de terra «primeiramente d’um grande monte, mui alto e redondo, e d’outras serras mais baixas a sul dele e de terra chã com grandes arvoredos, ao qual monte alto o capitão pôs nome o Monte Pascoal e à Terra de Vera Cruz»[7].

Lopo Homem, Pedro e/ou Jorge Reinel, Terra Brasilis, ca. 1519
 Atlas Miller. Bibliothèque Nationale, Paris.


Na madrugada de quinta-feira, dia 23 de Abril, a armada ancorada a 26 quilómetros da costa colocou-se lentamente em marcha em direcção a esta. A meio da manhã, com a profundidade de 9 braças, a frota fundeou-se novamente, vendo pela primeira vez os nativos «que andavam pela praia, de 7 ou 8»[8]
Após uma breve reunião estre o capitão-mor e os restantes capitães, Pedro Álvares Cabral enviou «no batel, em terra, Nicolau Coelho», que contactou com os nativos mal  tocou no fundo arenoso. Estes vinham com com arcos e setas empunhados nas mãos, mas logo Nicolau Coelho pediu para que as baixassem e eles assim fizeram. Todavia, o mar não permitiu um maior contacto senão a troca de presentes. Este foi o primeiro encontro com os indígenas e, embora o mar não tivesse facilitado o contacto, tudo fazia prever que o relacionamento entre eles seria amistoso e proveitoso. Porém, os próximos dias revelaram-se mais propícios ao estabelecimento das relações entre os locais e os visitantes, como veremos mais à frente no relato da descoberta do Brasil.
«Sem descer do barco, Coelho jogou à praia um gorro vermelho, típico dos marujos lusos, um sombreiro preto e a carapuça de linho que usava na própria cabeça. Os nativos retribuíram dando-lhe um cocar “de penas de ave, compridas, com uma copazinha pequena de penas vermelhas e pardas como de papagaios”, além de um colar de contas brancas, talvez búzios, talvez pérolas miúdas»[9].


Na sexta-feira, a 24 de Abril, a armada recolheu âncoras e foi procurar um lugar mais calmo, onde pudessem buscar lenha e água[10]. Esta busca durou o dia todo e só no final da tarde a armada encontrou um sítio seguro, que Caminha descreve da seguinte maneira: «acharam os ditos navios pequenos arrecife com um porto dentro, muito bom e muito seguro, com uma mui larga entrada. (…) e ancoraram-se em 11 braças»[11].

Ainda no mesmo dia, o piloto da nau-capitânia, Afonso Lopes, foi mandado por Cabral pormenorizar o que se podia encontrar dentro daquele porto. Este procedeu à concretização da sua missão e já dentro da baía capturou dois nativos com o objectivo de levá-los à presença do capitão-mor. Os índios que andavam pela praia com os típicos arcos e flechas não reagiram à cena, mostrando, assim, a sua receptividade para com os visitantes.

Sabendo da chegada dos índios à sua comparência, o «capitão (…) estava assentado em uma cadeira e uma alcatifa aos pés por estrado, e bem vestido, com um colar d’ouro mui grande ao pescoço»[12]. Com ele estavam os capitães Sancho de Tovar, Simão Miranda e Nicolau Coelho, o feitor Aires Correia e o escrivão Pêro Vaz de Caminha, que pouco impressionaram os nativos e por quem não demonstraram respeito nem admiração[13]


Foi neste encontro que Pêro Vaz de Caminha descreveu com grande rigor os nativos[14] do Novo Mundo:
«A feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estiam nenhuma cousa cobrir nem mostrar suas vergonhas. E então acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto. Traziam ambos os beiços de baixo furados e metido por eles um osso branco de comprimento duma mão travessa e de grossura dum fuso d’algodão e agudo na ponta como furador. (…) Os cabelos seus são corredios e andavam tosquiados de tosquia alta mais que de sobre-pente, de boa grandura e rapados até por cima das orelhas.»[15]
Neste jantar, Pedro Álvares Cabral começou a fazer o interrogatório[16] possível aos índios, mostrando-lhes animais: reconheceram o papagaio, não deram importância à ovelha, mas espantaram-se com a galinha. Para comer, o capitão-mor apresentou-lhes pão, mel e passas de figo, mas tudo lhes enojou. Para beber, vinho, mas também este foi recusado. Todavia, mostraram entusiasmo por um castiçal de prata e ouro[17], pelo colar de ouro do capitão-mor e um rosário de contas brancas. Nesta noite, os nativos acabaram por permanecer no convés.

No dia seguinte, no Sábado, a 25 de Abril, Cabral ordenou a Bartolomeu Dias e Nicolau Coelho que levassem de volta os índios a terra. Afonso Ribeiro teria de permanecer com estes e Pêro Vaz de Caminha deveria registar o que visse na carta. E, mais uma vez, Caminha continuou a descrição minuciosa dos índios tupiniquins:
«E andavam aí outros quartejados de cores, isto é: deles a metade da sua própria cor e a metade de tintura negra, maneira zulada, e outros quartejados d’escaques. Ali andavam entre eles ou quatro moças, bem moças e bem gentis, com cabelos muito pretos, compridos, pelas espáduas;»[18]
No final do dia, Cabral e a tripulação desembarcaram pela primeira vez e foram conhecer a terra recém-descoberta. Passearam pela praia durante cerca de uma hora e meia e recolheram aos navios quando caiu a noite.
No quinto dia, a 26 de Abril, marcava uma semana depois do Domingo de Páscoa, levando o capitão-mor a determinar que os tripulantes fossem ouvir a missa onde tinham estado no dia anterior, no recife da Ponta da Coroa Vermelha. Mandou montar um toldo para o altar se levantar debaixo deste e a primeira missa no Brasil foi oficializada pelo padre Frei Henrique de Coimbra[19]. Foi ouvida por todos com grande atenção e fervor até pelos índios, que ali se juntaram a ver, sentados na areia e nos recifes.


Victor Meirelles, Primeira Missa no Brasil, 1860
Óleo sobre tela, 268 X 356, Museu Nacional de Belas Artes

Após o almoço, Pedro Álvares Cabral reuniu com os capitães para a ouvir opinião destes sobre se o rei D. Manuel I deveria ser informado da recém-descoberta da armada, enviando-lhe o navio de mantimentos repleto de elementos típicos da zona. A maioria destes capitães foi de consonância com a iniciativa do capitão-mor, contudo, não estiveram de acordo em levar ao rei alguns daqueles nativos, pois queriam preservar a relação amistosa que estavam a criar com estes, preferindo deixar alguns dos degredados em contacto permanente com os selvagens[20].

À tarde, o capitão-mor sugeriu que fossem todos a terra para aproveitar o dia. Diogo Dias[21], irmão de Bartolomeu Dias, levou um gaiteiro consigo e com grande felicidade meteu-se com os nativos. Tocou e dançou na companhia destes, fez piruetas e deu saltos mortais, o que agradou muito os ameríndios.

No dia 27 de Abril, Pedro Álvares Cabral incumbiu Afonso Ribeiro de permanecer com os índios durante a noite. Este conseguiu alcançar uma povoação destes índios, onde contou entre nove a dez cabanas grandes de madeira cobertas de palha. No seu interior não havia divisões apenas esteios, onde eram presas as redes, nas quais os natos repousavam. Em cada casa era possível dormir cerca de trinta a quarenta pessoas.

Tal como tinha acontecido com os índios nas embarcações portuguesas, também os visitantes foram bem recebidos e alimentados com aquilo que identificaram como raízes e fruta. Contudo, os tupiniquins não autorizaram que estes dormissem na povoação e levaram-nos de volta à praia.

Na terça-feira, 28 de Abril, os portugueses voltaram a terra e dois carpinteiros dedicaram-se a fazer uma grande cruz. Os índios ao verem aqueles machados de ferro ficaram estupefactos, pois, segundo Caminha, os indígenas não tinham “ferramenta de ferro”. «De um minuto para o outro, um bando de nativos que, com seus machados de sílex, ainda vivia na Idade da Pedra, foi bruscamente apresentado à Idade do Ferro»[22].  

No dia sequente, os portugueses dedicaram-se a esvaziar a nau de mantimentos para as restantes naus, tarefa que se prolongou até ao outro dia. Entretanto, as relações com os índios melhoravam gradualmente[23].

Na quinta-feira, a 30 de Abril, ao nono dia de avistamento da Terra de Vera Cruz, o capitão-mor da segunda armada à Índia apelou aos seus companheiros para irem beijar a cruz e mostrar, assim, aos índios a importância daquele símbolo. Estes, incentivados, seguiram o ritual dos portugueses, fazendo-os crer que seriam facilmente civilizados e convertidos ao Cristianismo[24].

Na sexta-feira, no primeiro dia de Maio, foi o último dia dos tripulantes portugueses no Brasil. Neste dia, o capitão-mor e a restante tripulação foram a terra e colocaram a cruz com as armas e a divisa do monarca português de modo a que esta fosse visível do mar[25]. Ao pé desta foi erguido um altar para celebrar a missa. O responsável pela celebração de missa foi, novamente, o Frei Henrique de Coimbra e desta vez os índios não ficaram só a ver, mas repetiram também a posição e os gestos dos portugueses[26].

No dia seguinte, pela manhã, a armada de Pedro Álvares Cabral preparou-se para partir rumo à sua principal missão: alcançar Calecute e impor a presença portuguesa na Índia. Também a nau de mantimentos foi preparada, levando no comando Gaspar Lemos e cerca de oitenta homens no corpo da tripulação. Esta nau levava uma panóplia de amostras que haviam sido recolhidas neste Novo Mundo[27], para além de todas as cartas da restante armada que seguia agora para à Índia. Esta nau ficou conhecida pela ‘nau das saudades’.

Pedro Álvares Cabral só alcançou Lisboa a 21 de Junho de 1501. Foi recebido pelo rei D. Manuel em Santarém, que estava bastante satisfeito com o sucesso da armada, não tanto pela descoberta de novas terras, mas pelos navios carregados de especiarias.

Em 28 de Agosto de 1501, D. Manuel contou aos Reis Católicos o sucesso da expedição à Índia e a descoberta de uma nova terra descoberta por Cabral, conhecida por Santa Cruz.
«“(…) acharam e descobriram a índia e outros reinos”, contava D. Manoel. “Acharam grandes edifícios, ricos e de grande povoação, nas quais se faz todo o trato de especiaria e pedraria (…) e trouxeram canela, cravo e gengibre e outros modos de especiaria (…) e muita pedraria fina de todas as sortes, rubis e outros; e ainda acharam terras em que há minas d’ouro (no caso, Sofala, em Moçambique)”»[28]

Só depois da descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral, D. Manuel tomou a iniciativa de enviar uma pequena frota de três caravelas comandada por Gonçalo Coelho para fazer um reconhecimento da terra. Entre os que integraram a expedição estava Américo Vespúcio, a convite de D. Manuel, talvez para ser útil como agente comercial, visto que esta era a sua função mais conhecida. 








[1] Vasco da Gama era o capitão-mor da Nau de São Gabriel, Paulo da Gama capitão da nau São Rafael, Nicolau Coelho capitão da caravela Bérrio e Gonçalo Nunes capitão da nau dos mantimentos. Antes da partida, a 8 de Janeiro de 1497, os tripulantes da armada assistiram a uma missa, e depois seguiram em procissão até ao rio Tejo, onde iam partir do Restelo. Chegaram a 21 de Maio ao largo de Calecut, após dez meses de viagem.
[2] MAGALHÃES, Joaquim Romero, Portugueses no mundo do século XVI: espaços e produtos, Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, Lisboa, 1998, p. 37
[3] Pedro Álvares Cabral, segundo filho de Fernão Cabral e de D. Isabel Gouveia, nasceu em Belmonte, entre 1467 e 1468, mas foi criado na corte de D. João II a partir de 1484 com a tença anual de 26 000 reais. Não sabemos quais eram as suas funções ao serviço do monarca, mas os seus merecimentos estão relatados em documentos da época. A sua nomeação para capitão-mor da segunda armada à Índia ainda permanece uma incógnita. As rivalidades na corte manuelina levaram ao seu afastamento, depois deste se recusar a capitanear uma nova armada à Índia em 1502. No ano seguinte, casou com D. Isabel de Castro, terceira neta dos reis D. Fernando de Portugal e D. Henrique de Castela e sobrinha de Afonso Albuquerque, e deste casamento nasceram dois filhos e duas filhas. Faleceu em Santarém, em 1520, onde ficou sepultado na Igreja da Graça.
[4] COUTO, Jorge, GUEDES, Max Justo, Descobrimento do Brasil, Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos portugueses, Lisboa, 1998, p. 17
[5] CAMINHA, Pêro Vaz de, Carta a el-rei D. Manuel, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, Lisboa, 1974, p. 33
[6] Idem, p. 33
[7] Idem, p. 33-34
[8] Idem, p. 34
[9] BUENO, Eduardo, A viagem do descobrimento: um outro olhar sobre a expedição de Cabral, 2ª edição, Terra Brasilis 1, Rio de Janeiro, 2006, p. 78
[10] Na noite de 23 para 24 de Abril caiu uma chuva forte e o vento aumentou consideravelmente, arrastando os barcos, em particular a de Cabral. Ao amanhecer ficou claro que o ancoradouro não era seguro para permanecer em segurança.
[11] CAMINHA, Pêro Vaz de, Carta a el-rei D. Manuel, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, Lisboa, 1974, p. 37
[12] Idem, p. 40
[13] D. Manuel deu instruções a Cabral para que desse no «Oriente boas mostras tanto de si como de armada», logo não é estranho que o capitão-mor tenha preparado a nau para a recepção dos nativos.
[14] Cf. CORTESÃO, Jaime, Os descobrimentos portugueses, volume 3, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, Lisboa, 1990, pp. 725- 743
[15] Idem, p. 37-39
[16] Quando os portugueses chegavam a uma terra nova era recorrente proceder a um interrogatório aos habitantes locais. Estes interrogatórios tinham também como objectivo transmitir confiança aos aborígenes através da troca de presentes.
[17] Segundo Caminha, os índios que apontaram para o castiçal de prata e ouro de seguida apontaram para a praia, como querendo dizer aos visitantes que podiam encontrar aquele material na “ilha”. Porém, os portugueses não tiveram em grande conta este episódio.
[18] CAMINHA, Pêro Vaz de, Carta a el-rei D. Manuel, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, Lisboa, 1974, p. 45
[19] Frei Henrique de Coimbra, nascido em Coimbra por volta de 1465, foi uma figura de destaque no clero português, notabilizando-se como confessor de D. João II, orador da primeira missa em terras de Vera Cruz e bispo de Ceuta. Faleceu com 67 anos, na cidade de Olivença, em 14 de Setembro de 1532.
[20] CAMINHA, Pêro Vaz de, A carta de Pêro Vaz de Caminha / estudos de Manuela Mendonça e Margarida Garcez Ventura, Mar de Letras, Ericeira, 2000, p. 74
[21] Diogo Dias passou a ser o visitante preferido entre os índios e, desde então, passou a conviver cada vez mais com estes na companhia do degredado Afonso Ribeiro e de Pêro Vaz de Caminha.
[22] BUENO, Eduardo, A viagem do descobrimento: um outro olhar sobre a expedição de Cabral, 2ª edição, Terra Brasilis 1, Rio de Janeiro, 2006, p. 89
[23] Cf. FONSECA, Faustina da, Pedro Álvares Cabral e o descobrimento do Brasil, Guimarães Editora, Lisboa, 2000, p. 37
[24] Embora os portugueses olhassem para estes nativos com forte convicção que seriam capazes de ser civilizados, a sua rudimentaridade deixava-os perplexos. Nunca tinham visto uma civilização tão atrasada, pois não tinham animais e apenas comiam raízes de cará ou mandioca. Pêro Vaz de Caminha dá-nos esta informação na sua carta: «Eles não lavram, nem criam; nem aqui há boi, nem vaca, nem cabra, nem ovelha, nem galinha, nem outra nehuma alimária que costumada seja ao viver dos homens; nem comem senão desse inhame, que aqui há muito, e dessa semente e fruitos que a terra e as árvores de si lançam» in CORTESÃO, Jaime, Os descobrimentos portugueses, volume 3, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, Lisboa, 1990, pp. 725- 743
[25] A cruz foi colocada a 300 metros a oés-noroeste da foz do Mutari.
[26] Cf. COUTO, Jorge, GUEDES, Max Justo, Descobrimento do Brasil, Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos portugueses, Lisboa, 1998, p. 91
[27] Entre as amostras que foram na nau de mantimentos para Portugal encontramos a presença de um índio. O jesuíta Simão de Vasconcelos relatou em 1658 o contacto do nativo com a civilização portuguesa. Conta-nos que o nativo foi muito bem recebido pelo rei e a sua corte, que apreciaram os seus gestos e maneiras, mas muitos não sabiam sequer se estavam perante um humano ou um monstro.
[28] BUENO, Eduardo, A viagem do descobrimento: um outro olhar sobre a expedição de Cabral, 2ª edição, Terra Brasilis 1, Rio de Janeiro, 2006, p. 18

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